MARCO INICIAL (JR/Mannu UF)

500 anos de exploração
500 anos jogados em senzalas, favelas e presídios
A luta apenas começou
Este é o marco inicial
RAP
O som do desesperado,
O verdadeiro som
Do Revolucionário
Quer revolucionar sua mente
E transformar o servo do sistema
Em mais um guerreiro da periferia
Sem covardia perdão ou misericórdia
Vamos lavar nossa honra
E partir pra guerra
Guerra esta feita no psicológico
Sem armas, Sem sangue,Sem ódio


Desate suas mãos
Abandone o crime irmão
Aliste-se no exército da revolução
Alerta ao sistema
Soldados do Gueto
Quebrando a barreira
Do medo, da dor e do preconceito
Enquanto nossa voz não se calar
enquanto houver
sangues de inocentes derramados
A luta contra o sistema resiste
O cenário é triste

Do lado oeste de São Paulo
Da quebrada de Pirituba
Os guerreiros estão de pé
Na fé

RESSURGINDO DAS CINZAS (Mannu UF/JR/Raquel)

Vai vendo que o guerreiro não se rendi ao combati
Não importa o assunto sempre haverá um debati
Tem muitos se achando sábio, pra julgar você
Ficando só ti filmando ti vagiar é o seu prazer

Várias fitas, idéias a serem trocadas
Como vai a rapaziada lá da quebrada
(Ae fiquei sabendo que o davi vai sair de condicional)
Noticia boa aqui nem sempre é normal

Sem patrocinador, gravadora então vai independenti
Loko pra morder o que não falta é serpenti
De tocaia aguardando doido pra da o boti
Querendo assassinar de vez nossa sorti

Todo domingão, reunião, ensaio
Fazendo nossa união fortalecer ao necessário
Muita conversinha muita coisa chega até nóis
Quando descoberto, perdi até a voz

O foda é saber que pode ser até camarada
Mais quem age de má fé, é surpreendindo na noitada
Tem muitos pra atrasar quase em toda situação
Só pensa em maldade até quando lei do cão

Não Perdemos a batalha você se enganou
A vacina pra traidor a ciência não encontrou
Chega de palhaçada, ninguém ta querendo intriga
Alerta ao Sistema, ainda é vida


Pra quem não botou fé resurgindo das cinzas
alerta ao sistema ainda é vida
Não diga pra nóis que o sonho acabou
Demorô a correria apenas começou (refrão)


Demorô podi crer apresento minha rima
Alerta ao Sistema, zona oeste (é a firma)
Desde 97 Rimo meus pensamentos
Pros amigos inimigos não cair no esquecimento

No barraco da favela fiz o rap improvisado
Toca disco gradiente no som amplificado
Agradeço quem ficou lembro dos que saiu
Não aguento foi mente fraca desistiu

Muitos talentos em vão foram jogados fora
Por pressão familiar ou idéias que não cola
E nos anos 90 ja vi maluco bom
Que vacilou na rocha, disandou

No meu rolê nunca faltou respeito e humildade
Com os mano da função na maior simplicidade
Ceverja gelada, churrasco até o outro dia
Quem disse que é ruim ser da periferia

Nasci do lado pobre zona oeste sp
Pirituba banca forte é assim que tem que ser
Canto realidade não me entrego aos problemas
Sobrevivo a maldade sou alerta ao sistema

10 anos de história falada em 3 minutos
play back instantâneo trocando idéia lembro de tudo
Das tretas, do luto acerto de conta
E quem quiz me derrubar tô pronto pra outra



Pra quem não botou fé resurgindo das cinzas
alerta ao sistema ainda é vida
Não diga pra nóis que o sonho acabou
Demorô a correria apenas começou (refrão)

A PROFECIA (Mannu UF/JR/Raquel)

Poetas, profetas de um mundo violento
Em meio fogo cruzado, cairam no esquecimento
Lamentos, lamentos não era isso que eu queria
Mais um irmão baleado, se fez cumprir a profecia (refrão)


Hoje acordei com pensamento de revolta
Esta chegando o final do mundo e ninguem se importa
Se cumprido o prometido as palavras da biblia
Não acredita fé em cristo não tem amor a vida

Abro a janela vejo confusão lá fora
Tiroteio na favela disandado saco de cola
Daqui eu ouço grito que vem lá do além
Pai estrupando filho que mundo é esse quem é quem

Não contente com a riqueza o playbozinho sempre quer mais
Ae olho na herança antecipou morte dos pais
E a favor da violência o cão da sempre uma ajudinha
Foi encontrado um bebe degolado na cozinha

E quanto mais eu fujo mais desgraça acontece
Pode ser no suburbio interior maldade cresce
Tambem vejo criança com ódio no coração
Com 13 ano de idade ta internado matou o irmão

Será que é um pesadelo porque pra ver sou incapaz
Eu quero um sonho lindo belas flores quero é paz
Mais nem todas as flores tem o mesmo destino
Lindas no buque ou no caixão do severino

Hoje tudo é diferente a profecia esta celada
Não sei se levo 2 pente ou se é preciso leva as quadrada
Do geito que o mundo esta numa grande guerra civil
Onde encontra mais morte infelizmente é no brasil

Muito indiguinado onde vamos parar
Porque até nossas mulheres estão com sede de matar
Mortes, Desgraça terror na periferia
Palavras centenárias que o profeta assim previa


Poetas, profetas de um mundo violento
Em meio fogo cruzado, cairam no esquecimento
Lamentos, lamentos não era isso que eu queria
Mais um irmão baleado, se fez cumprir a profecia (refrão)


A palavra do poeta aqui nunca é ouvida
Preserve sua alma preserve sua vida
Por mais que tentamos passar uma idéia forte
Você insisti bater de frenti com à morte

Nunca escutou conselho de ninguém
Me pergunto quantos você ja mandou pro além
A escola é o crime, o Tráfico é o emprego
Seduzidos pelo dinheiro acaba se fodendo

A ilusão da tv te arrastar pro material
O que os boy tem você paga um pau
Fazer uma profecia nos dias de hoje não é dificil
Prevejo que você morrerá por causa do seu vicio

Promessas de politicos que nunca se concretizou
Eles podem nos enganar mais não nosso criador
Falsos profeta que destróem a mente humana
Tortura psicológia te joga direto lama

Imitadores baratos querendo se passar por Deus
Tem anti-cristo tem ateus querendo o que é seu
Prometem salvação em troca de remuneração
Anjos e demônios na mesma relegião

Testemunhos revelados, baseados em mentiras
Estão violando as palavras da biblia
Se você tem um propósito que faça de coração
Seja um gladiador na sua missão

Menor sem futuro alimenta minha indignação
Penso que poderia ser meu filho ou meu irmão
A vinda do messias a profecia do cristão
Com a volta de cristo prevejo uma nova perseguição



Poetas, profetas de um mundo violento
Em meio fogo cruzado, cairam no esquecimento
Lamentos, lamentos não era isso que eu queria
Mais um irmão baleado, se fez cumprir a profecia (refrão)

LEI DA NATUREZA (Mannu UF/JR/Raquel)

Qual momento apropriado pra raciocianar
Ver o que estar certo o que esta errado o que tem que melhorar
Num tempo frio, chuvoso, a lembrança bate que alcança
Volta o tempo, volta os manos que se perderam na infância

De olho nos bandido da época bem sucedido
E o sonho de outra criança passou desapercebido
Coincidência ou não se realizou o que estava previsto
O reflexo do passado deu origem ao um assassino

Herdamos a bocada do traficante morto na batalha
Em seguida a guerra pra ver quem será o dono da parada
Quantos vacilão vi por causa de drogas e tretas
Se mandado pra outros estados se tornando um covarde

No ano seguinte aparece como nada tivesse acontecido
Vai subi vai aumentar a lista dos desaparecidos
Tá ligado quem sai pela porta de trás nunca mais é bem vindo
É a lei da natureza a lei do homem a lei que adquirimos

É raro seguir adiante quando se começa em devantagem
Tem que provar pra si mesmo e pra aqueles que duvidam da capacidade
Menosprezamos até um amigo de verdade
Quem sentiu na pele não esperava tanta falsidade

Nunca esteve nem ai pra nada a vida inteira
Maconha, alcool e a carreira de farinha sobre a carteira
O tempo passou perdeu a consideração na própria vila
Perdeu o respeito, e o mais importante a própria familia

Eu ti peço senhor que traga o mundo o amor
Apague a maudade o ódio e o rancor
Eu ti peço senhor que diminua essa tristeza
Pois os fatos são reais essa é a lei da Natureza (refrão)

Num dia chuvoso, e dos olhos as lágrimas caem
Momento rancoroso lembrança e saudade vem e vai
E a dificuldade que atormenta o dia inteiro
se tornando realidade aquele maldito pesadelo

Aumentando o ódio e diminuindo a alegria
E o número de morte deixa de luto a periferia
E tirar das mãos de uma criança aquele morteiro
Transformando a esperança de mais um nobre guerreiro

Eu morro de saudade dos que aqui não estão mais
Saudade dos meus trutas, saudades do meu pai
Mas eu não canto rap pra desabafar minhas tristezas
Mais sei que alguém que ouve se indentifica com certeza

E a franqueza que usamos na palavras
Pedimos a licença pra entrar em suas casas
E mandar mensagem não pra destruição
E nem alimentar a mente suja de um ladrão

Eu agradeço a Deus foi quem deu uma familia
Que me tirou do crime, e fez traçar minha trilha
E agradeço também aos meus trutas inspiração
Mano André da Nassau, meus primos Bito e Digão

Que infelizmente desse mundo não fazem mais parte
Foram vítimas verdadeiras da mira de uns covardes
Pois só peço a Deus que diminua minha tristeza
Porque os fatos são reais, essa é a Lei da Natureza

Eu ti peço senhor que traga ao mundo o amor
Apague a maudade o ódio e o rancor
Eu ti peço senhor que diminua essa tristeza
Pois os fatos são reais, essa é a lei da Natureza (refrão)


Chuvas fortes provocaram inumdação
O cenário é horrivel abala o coração
Sofá, armário, e televisão
Do que valeu o esforço se ainda pagava as prestação

Lutar, lutar pra continuar na lama
Até quando conviver no inferno nesse drama
Derrepente vem aquela pergunta?
Porque uns tem de tudo e outros de nada que absurdo

Mais Deus é justo sabe ele o que faz
Que abra os olhos daqueles que apronta demais
Que mostre a luz na imensa escuridão
Que te guie pela justiça e te livre da ambição

Desse mundo infelizmenti, sinto nojo
Como posso estar alegre vendo sofrimento do meu povo
É tanta miséria capaz de matar a esperança
Frustação nesse momento é mais forte e toma conta



Não sei se é um sonho ou um pesadelo
Lama pra todo lado infelizmente eu não sou herdeiro
Cama, colchão e um botijão de gás
Lamentável ou não sempre pedi pra Deus a paz

Correndo atrás do prejuízo
Sempre arriscando a minha pele, entre mortos e feridos
Não uma, nem Duas mais sim a todo tempo
passei noites nas ruas, dormindo em praças ao relento

Andando sempre atento na linha do trem
É a lei da natureza ninguém escolhe todos tem
No mês de janeiro, piedade eu sempre peço
Pagando o ano inteiro, pelos móveis submersos

Espero um dia ver tudo isso acabar
Sair desse inferno, pro sofrimento acabar
Fecho meus olhos tento esquecer tudo isso,
Quem saiba eu tenha sorte e possa acabar no paraiso.


Eu ti peço senhor que traga ao mundo o amor
Apague a maudade o ódio e o rancor
Eu ti peço senhor que diminua essa tristeza
Pois os fatos são reais, essa é a lei da Natureza (refrão)

















MALANDRO FIQUE DE BOA (Raquel/JR/Mannu UF)

A maldade tomou conta de lá
Mesmo assim não precisei acionar
Vários boatos que vieram de lá
Ficar firmão vendo o tempo acabar
Só esperar
Quando Jesus voltar
E sem mais
Sem mais vacilar
Não vou
Não vou chorar


O tempo passa
O homem cria maldição
Aumenta a ruindade
Multiplica ambição
Finado, irmão
Antecipa vários nomes
Mundão
A vida loca te absorve
Então
Ser otário ou não
Aumenta suas chances
Ou o preço do caixão
E As vezes vale a pena
Até pagar de lock, ou não
Qualquer treta
Apresentando a clock
Ladrão
Eu Quero ver minha mãe feliz
E não
Vê-la chorar
Me visitando lá no xis
E o crime esquenta
Minha blusa de lã
Na boca do vulcão
Com o pé no Vietnã
Lágrima escorre
Ferida no coração
Em frente a cruz
A Jesus pedi perdão
Mó mão
A idéia de criaca
Na cinta o canhão
O desejo de quem mata
Desgraça
O alimento para o cão
A chagas
Que domina a nova geração
Mó guela, vacilão
Na madruga ouve o berro
Deixou em outra mão
Morreu com o próprio ferro
Firmão
To de passagem, aqui pro que consta
No pião
Bato de frente, tem no pente pra troca
Se meu espírito é fraco
Meu corpo vou salvar
O que eu vou dizer
Quando Jesus voltar.

Ae malandro
Fique de boa
Descanse o calibre
Mesmo tando na bronca
A favela vive em guerra
Não é a toa
Os vermes desta Terra
somente deus perdoa (refrão)


O Sistema e a policia impõem medo
O Preconceito porém o respeito
Prevalece no gueto
Eu Sou ligeiro
Não não isqueiro
E cabe no meu peito
Os trutas dá pra conta nos dedo
Tipo o fim
Sem a parte do meio
Tipo um homem
No inferno sobrevivendo
Oh Jesus
Me de a sua mão divina
Tire toda maldade
Da minha humilde vida
No rabecão
Ponho a bala no tambor
Ae boi não reage
Pelo amor
Eu Não to afim
De te dar um apavoro
E Por causa do seu dinheiro
Ter ver morto
Mas o
Meu pivete ta pedindo almoço
Eu Sou mais um desempregado
Transformado em monstro
A sociedade tem
Seus olhos voltados para o ouro
Atualmente o amor esta morto

Ae malandro
Fique de boa
Descanse o calibre
Mesmo tando na bronca
Favela vive em guerra
Não é a toa
Pros vermes desta Terra
somente deus perdoa (refrão)


Muitas vezes eu já tentei sumir
Pergunto para mim mesmo que vida é essa aqui
Muitas lagrimas, de angústia choro e dor
Procuro a solução nas palavras do senhor
Vou tentar há
Me levantar há
Bola pra frente
Eu não posso desandar há
A morte de um marido eu vi uma mãe chorar
Uma triste cena
Chegou a me abalar
E ai malandro
Como
É que té agora
Lá no morro
Mais uma família chora
Vingança não
Só quer que chegue a sua hora
Pra Deus pessa seu perdão Agora
o Demônio te abraçou
Quem procurou não fui eu


Eu não vou chorar
Nem me deixar levar
Pelas tentações da vida
Feche ferida
Não quero mais
Maldição não me atinge
Perifa tinge a paz
De vermelho
E o sangue escorre
Na fita quem atormenta
Pra atentar os lock
Me diz se vale a pena
Pra ganhar ibope
Pare enquanto é tempo
Sujeito homem


Ae malandro
Fique de boa
Descanse o calibre
Mesmo tando na bronca
Favela vive em guerra
Não é a toa
Pros vermes desta Terra
somente deus perdoa (refrão)

HERDEIRO DO CRIME (Mannu UF/JR/Raquel)

Infelizmenti perdemos muitos
Irmãos pro crime
Morrer um e já tem outro herdando
O castelo de ilusões


Mano a vida do crime seu destino escolheu
Foi tristi saber como você morreu
Não deu outra chegou sua sentença
A queima roupa descarregaram de metranca e 380

No dia fiquei sabendo pelos Zé povinhos,
Que ficavam dando risadas, comentado com vizinhos
Que você ja tinha dado motivo demais
Comentarios a parte quem tem boca fala até o que não pode

Só ver pra crer o céu escurecer
A chuva cai precentimento ruim algo vai acontecer
Me dizia que a amizade era fruto da lealdade
Do momento que tem respeito não tem pilantragem

Com o passar dos dias o tempo mostrou
Que parceiros de correria nem sempre representou
Esqueceram do juramento da noite gelada
Em volta da fogueira uma brecha conversa fiada

Umildade esquecida seu nome na lista
Ninguem viu você como uma vitima
Se fez de sonso então não pega nada
Sua história teve fim naquela madrugada

Nem ligaram pra sua morte não colaram no seu velório
Ficaram durmindo cadê seus amigos
Não foram dignos da sua amizade
Quando realmente precisou não teve aquele trincou

Enfim conseguiu alcançou o objetivo
Tudo tem um preço principalmente ser bandido
Só de por o pé pra fora já é reconhecido
Manjado pela policia seu fiel inimigo

Ficou loko no presidio sem tranferência
Seus rivais tinha uma obra arranca sua cabeça
Na fé guerreiro eu li a sua carta
Queria mudar de vida mais agora não dava

Conformado, esperto e um tanto ligeiro
Com à morte do fernando você foi o herdeiro
Dono de bocada mesmo dentro da prisão
E de olho nos seus passos estava a nova geração

Herança maldita não agüento (eu choro)
Esse rap é dedicado mano (ah você)
É triste saber que você se tornou
(Herdeiro do Crime)
(refrão)

Passo na viela aonde você costumava a ficar
Paro olho mais não há ninguém por lá
Que saudades daqueles dias de vida loka
Mais que saudade

Na sua bocada mau amanhecia o dia
E a luta era constanti na venda da farinha
Esse era seu trabalho sua profissão
Quem na quebrada não quer ser patrão

Recrutou um batalhão de fuzileiros
Todo final de ano fogueteiro é o tiroteio
Wisk valantain redbo teneré
E na sua bota uma pa de mulher

Lembro do reveion 97
Você enjuriado, atacado na febre
Vi você chora pela perda de um parceiro
Infelizmenti depois disso nunca mais foi o mesmo

A sedi de vingança trazia ódio no coração
Só sussegou quando cumpriu sua missão
Foi melhor assim mais não durmia mais tranquilo
Primeiro homicidio ta ligado é aquilo

Com a morte do seu pai a noticia chegou na detenção
Conseguiu ir ao velório tristi situação
Algemado com 4 pm ao seu lado
Aonde quer que fosse tinha que ser vigiado

2 anos depois chegou a sua vez
Conseguiu a liberdade não durou nem um mês
Herdeiro do Crime com 12 de idade
Se pa até menos essa é a verdade

No iml sua mãe pro reconhecimento do corpo
Você todo furado, em pleno mês de agosto
Na oração do pastor, a dor que fico
Naqueles que ainda não se conformou

Seu ultimo presenti uma coroa de flores
Num funeral, horrivel e a cores
Se via lágrimas e desmaio constanti
Sabemos que nada vai ser como antis

Herança maldita não agüento (eu choro)
Esse rap é dedicado mano (ah você)
É triste saber que você se tornou
(Herdeiro do Crime)
(refrão)

ELO DA CORRENTE (Michel da Silva)

Nossa gente está em busca de voz nesse todo que constitui á sociedade brasileira, porém muitas pessoas ainda dão as costas pras nossas músicas, escritos e opiniões. Outros nos vêem como coitados precisando de ajuda e só consideram a palavra dos doutores e dos assistencialistas. Na visão deles nossos semelhantes deixam de ser a Dona Maria, o Seu João e passam a ser um simples objeto de estudo. Essa elite desmerece e muita vezes nem ouve o que temos a dizer. Outra realidade é o descaso dos políticos que só lembram de nóis pra fazer promessas e pedir votos.

Na periferia existe arte, produção de conhecimento, educação, cultura própria, resistência, sentimentos, crenças e valores que devem ser respeitados antes de qualquer coisa, assim esta representada nossa cena, nossa história.

Pra superar nossas dificuldades não há uma resposta simples. Mas uma coisa é certa, se percebemos essa injustiça como fato consumado e sentimos necessidade de mudanças, precisamos, primeiramente, nos reconhecer como pertencentes dessa vivência, nos reconhecer como um povo de cultura periférica. Uma cultura de pessoas criativas desde criança, fazendo as brincadeiras, o menino inventando o carrinho, a menina imaginando a boneca, que passam no comercial da tv e nossos pais não tem dinheiro pra comprar.

O que me faz sentir orgulho de ser periférico, em meio a tantas lutas é a lembrança dos manos, das minas, dos verdadeiros irmãos, da família, das nossas mães guerreiras, nossas rainhas do lar. Assim percebi como tem vários semelhantes encontrando um motivo pra sorrir quando compartilham nossas histórias em comum. Histórias que começaram com bolinha de gude, amarelinha, rodando pião, pulando corda, soltando pipa e jogando futebol no campinho, bem menos se vê isso hoje, infelizmente.

Quando jovens e adultos, muitas vezes, nos esquecemos daquilo que nos fazia sorrir, devido ás responsabilidades e a percepção de vida difícil presente muito cedo em nossas consciências. A possibilidade de crianças e adolescentes se tornarem adultos precoces na periferia é muito grande, lidando com preconceito, desigualdade social, trabalho, família desestruturada, amigos e parentes na criminalidade, muitas vezes vitimas fatais. É necessário ficar ligeiro, pois qualquer piscar de olhos resulta num confronto direto com essas situações.

Um truta da faculdade um dia me perguntou, depois de visitar nossa Vila, como nóis conseguimos superar a vida do crime, fiquei sem palavras, pois ainda há muitas pessoas aqui que não tiveram a mesma oportunidade. A resposta pra tal pergunta eu não tenho, essa mágica está por vir, como dizem nossos poetas. Acredito no Rap, nas Rádios Comunitárias e na Literatura de escritores periféricos como formas de resgate da auto-estima e valor que me identifico. Foi conhecendo e participando dessas expressões que me convenci como nossos irmãos e irmãs são capazes de nos inspirar em novas perspectivas de vida.

As idéias e o debate sobre nosso direito de visibilidade estão evidentes na mídia, nas universidades e no dia a dia do cotidiano brasileiro, mas ainda é pouco, devemos insistir, nossa participação nesses espaços mudam o rumo das conversas. Não podemos ficar dependentes de manchetes criminais e do pedido de paz da elite, que se sente ameaçada, nos chama de suspeitos, apóiam o genocídio feito pelos homens da lei na favela e continuam decidindo o que fazer sobre nossas dificuldades. Senão, polícia e cadeia vão continuar sendo, na opinião deles, solução pros nossos problemas, por que pra eles, nóis somos um problema.

Aqueles que nunca foram ouvidos agora querem falar, escrever, se expressar e estes somos noís, firmando nossa cultura e dignidade, sempre negada e dependente de migalhas.
Cada elo da corrente, guerreiro é valioso, sou linha de frente na defesa do meu povo.


Fé em Deus e paz.

NA DEFESA DO MEU POVO (JR/Mannu UF)

Porque fica no ar a ponto de interrogação
porque tanta tristeza tanta maludade disilusão
Queremos glória irmão pra familia daquele piveti
Mesmo até passando fome com dificuldade todos se diverti

Porque eu ti pergunto será que a tristeza terá solução
Pois nem é dia de luto e milhares de vida ta na escuridão
As vezes me pego pensando porque a vida tem que ser assim
Tantos jovens saudaveis premeditando seu próprio fim

Se afaste do mundo das drogas dos amigos falsos do mundo infeliz
E ponha na sua cabeça que o deficiente ta sempre feliz
Não deixe seus problems afeta sua moral
Resolva um por um subindo na vida degrau por degrau

Um salve pros maloqueiro que ouviu meu desabafo
Que o pai seja louvado fiquem com Deus aquele abraço
cada elo da correnti guerreiro é valioso
sou linha de frenti na defesa do meu povo



É sonhador
Realizar é possível
A solidariedade se faz presente no coração do brasileiro
Tipo o irmão compartilhando do papelão
Com outro
pra espantar o frio da noite
Ou da tia merendeira
Que capricha na merenda dos pivetes
Pois sabe que pra vários deles
Será a única refeição do dia
No rap
É sem disco de ouro
Mas a esperança do meu povo
Nosso maior tesouro


Guerreiro vem na rima
Faz parte da vida
A vontade, o esforço
A vitória, a derrota
Também faz parte do jogo
Levantar a cabeça
Na fé e prosseguir
Sempre avante na batalha

Sem deixar a peteca cair
E lembrar Do que ficou pra traz
As feridas cicatrizam
O aprendizado, jamais
Ver o lado positivo
Viver com alegria
Ter orgulho da sua origem
Família, estilo de vida

E valorizar
As amizades verdadeiras

Respeitar e amar
Uma sincera companheira
Num barraco de madeira
Ou Numa goma humilde
A esperança é a moradia
Nego não fique triste
Um aperto de mão
Honesto do parceiro
Seja branco ou negro
Somos iguais por dentro
Cada elo da corrente
Guerreiro é valioso
Sou linha de fenti
Na defesa do meu povo




É doidão o crime faz parti da vida
a sociedade te obriga a isso
roubar, traficar e derrenti ser
até mesmo um assassino

quando você era criança estudo,
educação te negaram
agora crescido te negam emprego
sem curso, faculdade
sem 1º grau completo
você é desvalorizado
que nem o real na europa
você não serve




no enquadro da policia seu mundo disabo
na batida do martelo a grade se fecho
quanto tempo passou e você fico
na solidão, no sofrimento sem amor

se enlouquecendo na prisão lentamente
seu estado é grave sintomas de um doenti
perdendo seus bens conquistado
quase tudo que você tinha levou o advogado

não queria ver manos assaltando
nem no escadão da favela se drogando
ai sangue de boa pro crime não volti mais
na sua liberdade tenti encontrar a paz

quero ver, sua recuperação
fale com si mesmo nunca mais detenção
cada elo da correnti guerreiro é valioso
sou linha de frenti na defesa do meu povo

VIDA DO CRIME (Mannu UF/JR/Raquel)

Caminhando no escuro não sei onde estou
O lugar é frio não se tem amor,
Não sei se estou durmindo ou acordado
Pela primeira vez eu me sinto um fraco

Não tem ninguem aqui é muito estranho
Aonde estou? quero acorda desse sonho
Ouço vozes, falando ta me incomodando
Se pá estou até viajando

Fumei um mesclado eu não lembro o dia exato
Nunca fiquei assim bem loko nesse estado
Me avisaram que a droga me mataria
Que cheiro é esse de rosas sinto agonia

Se to morto eu não tenho certeza,
Do que recordo era no bar tomando umas brejas
Envolta as putas como o de costume
Minha mina atacada morrendo de ciumes

Fizemos uma fita foi só alegria
Mercadoria de tudo um pouco tinha
Not book, celular, rádio, televisão
Tudo meu irmão de última geração

Deixamos os b.o tudo dentro dum galpão
Tensão era pouca comparada a ambição
Ja me dizia um parceiro considerado
mano da um breque se não vai pro outro lado

Ae meu querido nem da pra parar
Ja to nessa, até o fim assim será
Minha vida não é bela, não sou ator de novela
Interpreto o vilão, que tortura A donzela

Bença mãe estou indo num pião
Seja a ocasião não demoro não
Podi deixar mais tarde estou de volta
Tenho que resolver uns assuntos e tem que se agora

Caminhada com intrujão negócio fechado
Cada um pro seu lado conforme o combinado
Matei, me vinguei pra poder ser rei
Os mandamento eu nunca respeitei

Eu poderia estar de boa com minha familia
Longe da balada, e distanti da cocaina
Tenho a sensação de estar sendo carregado
Quem ficara com minha alma Deus ou o diabo




Na vida do crime o sofrimento é demais
Vida do crime, luto, angústia não existe paz (refrão)


Fácil de dizer, dificil de encontrar
Nem mesmo quem morreu sabe onde está
O inverso da paz aqui é o ódio
Carnificina incapaz de acabar é lógico

Só vai quem quer use se quiser
Se for pra me afundar eu não sou mais ficar de pé
Atrás da vida plena seguindo minha trilha
Com o Alerta ao Sistema minha grande familia

mano te avisei que tudo tem um fim
quando disse não ao crime você zombou de mim
Só pensava nas armas bolou crime perfeito
Se achando eu sou o cara não viu seus defeitos

Muitos te alertava mano presta atenção
Pois isso evitária sofrimento e solidão
Na sua pobre mãe que lembra a todo instanti
Ao ver sua foto num quadro na estanti

E o mais difícil foi fazer sua mina acreditar
Pois jurava amor eterno agora ver onde você tá
Ela Entrou em depressão sem saber o que fazer
Pois Tem a vida inteira mais só pensa em morrer

Veja as conseqüência do seu falecimento
Vingança e violência nasce um novo testamento
E na favela que dita as leis são sempre os fortes
Estão sempre maquinados planejando outra morte

Vida do crime muito cedo começou
Tem contato freqüente a cocaina o dominou
Pro sistema era o terror, vilão da burguesia
Mais foi na sua quebrada, vitima da hipocresia

Será que é injustiça mas no morro ele é julgado
Gargalhada só daquele que atrasou seu lado
Infelizmente a verdade aqui é omitida
É bem mais fácil atirar do que poupar uma vida

Seu fim tava traçado a foice da morte te esperava
Na lápidi saudadis pois sentimos sua falta
Estou saindo fora acho que falei demais
Meu irmão vai com Deus pra aqueles que fica paz


Na vida do crime o sofrimento é demais
Vida do crime, luto, angústia não existe paz (refrão)

ALERTA AO SISTEMA (Mannu UF/JR/Raquel)

Alerta ao sistema a banca reunida
a quadrilha a familia é a firma (refrão)

10 da noite estou pronto pra guerra
chove pra caraio aqui na favela
(frio e chuva é embaçado
não é por nada não mais vou ligar o rádio)

ae trutão coloco o som no ultimo volume
alerta ao sistema como de costume
(som original que a midia não fez de refem
não precisamos de elogios pra na vida se dar bem)

faço parti da favela sou linha de frenti
com verbo cabuloso e frases contundenti
k.i modificado pelo sistema racista
quem ontem era inocência hoje é terrorista

falar a verdade mostrar a realidade
de norti a sul aos quatro pontos da cidade
(lágrimas, choro, sangue e agonia
relatos veridicos da periferia)

poderia ta cantando pra boy em festinha
iludindo vocês com rap de modinha
mais não sei de ondi vim e tenho orgulho
não vou jogar no seu ouvido qualquer bagulho

sinto ódio fico até indiguinado
não honra a quebrada e diz que é favelado?
(é irmão nunca sofreu e quer cantar rap
não passo pra canalha, nem pra vadia da internet)

me diz o que sua raça fez pro meu povo
prefeitura não vem aqui nem pra canalizar o esgoto
crianças brincando em meio tráfico de droga
futuro do brasil cada dia mais longe da escola


(criança esperança na favela não tem
a verba é desviada pro armamento do hussem)
financiar uma guerra e esquecer da sua nação
é a mesma coisa de pedir revolução

Alerta ao sistema a banca reunida
a quadrilha a familia é a firma (refrão)

depois da tempestadi sempre chega a bonança
nasce o novo dia e com ele a esperança
de ver todos firmesa ter uma moradia
trabalho dignidade pra manter sua familia

ouvir um jorge bem ou curtindo um timaia
com delei, manu uf (o dh ta na área)
Piritubanos nato demoramos mais tamo em pé
tenho orgulho de mim mesmo podi crer (assim que é)

é pouco pra nóis, cazaca, cruéis e czo
essa quadrilha reunida na verdadi é uma só
batendo de frenti contra os canalhas
pois a vitória é nossa nessa grande batalha

saindo lá da sul destino a zona oeste
jaragua (o lugar) quem passa lá não esquece
o churrasco e futebol é a minha picadilha
com os manos sangue bom (quem é é e não vacila)

o rap é muito loko só quem é ta no esquema
se liga sangue bom aqui (alerta ao sistema)
que chega alertando a nova geração
que malandragem é viver e não puxar o cão

na real pedimos paz pros manos que acredita
que faz uma boa ação fortalencendo a perifa
ajudando quem precisa partilhando o pão
doar cobertor pra uma instituição

alerta ao sistema AS é a sigla
sou prova verdadeira que o hip hop é a saida
sem sequestro, homicidio, revólver nem refem
pois chegamos de mancinho sem derrubar ninguem

quero ver todos curtir pois a festa ta da hora
se liga mano se enlver preta e não se apavora
mantendo a auto-estima sem deixar cair
chega mais mulecada do projeto meu guri

Alerta ao sistema a banca reunida
a quadrilha a familia é a firma (refrão)